Olá!
Hoje trago para vocês uma resenha sobre um livro que li recentemente e que gostei bastante.
Espero que apreciem!
Até a próxima.
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Foto do site OLX |
Devaneios de um Livro
Imagine ler um livro onde ele próprio é o narrador. Onde os livros não contam apenas histórias inventadas ou sentidas pelo autor, e sim sua própria história. Onde o livro sente, pensa, relembra e deseja como um ser humano. Um livro onde é possível se perder e se encontrar em suas páginas, em seus devaneios. Este Livro é o Dez mil de Andrea Kerbaker.
O narrador-livro não revela seu título, nem a história em suas páginas. Ele revela suas lembranças, suas angústias e seus desejos. Relembra os seus três primeiros donos: o Número Um foi na década 50, era um homem que acabara de se mudar para um novo apartamento com sua esposa, o Número Dois no finalzinho da década de 60, um rapaz meio descuidado e apaixonado por Filosofia, e o Número Três que era muito vívido e adepto à tecnologia. Entretanto chega o dia em que o Número Três se desfaz do Livro e este vai para uma livraria, fica no canto mais escondido da loja, longe da luz do sol que tanto sente falta, à espera de um Número Quatro, pois caso não apareça, ele irá para a reciclagem.
Entre as lembranças do Livro, há esperança e receio nessa espera, pois cada pessoa que entra na loja é um Número Quatro em potencial, e é preciso chamar atenção deste, porém nem sempre isso é possível. Pensar que o fim está próximo, não exatamente o fim, pois ele iria se transformar em algo, porém o encerramento do Livro, das suas páginas, da sua história é realmente angustiante.
É praticamente impossível dizer que o leitor não vá se afeiçoar ao Livro ao longo da leitura. Há tantas passagens em que a gente pode dizer "Ei! Eu faço isso também!" que nos faz pensar que o Livro está falando sobre a gente mesmo. É de se imaginar que isso fosse ocorrer pelo simples fato da pessoa ter escolhido esse livro, pois ninguém que não gosta de ler vai escolhê-lo.
Pequeno e envolvente, Dez mil é um livro para se ler em minutos, no máximo algumas horas. É repleto de referências a vários autores de diversas épocas, o que torna a leitura ainda mais prazerosa. O modo como o Livro fala de si mesmo e do que sente é como uma conversa com a sua mente ou o próprio leitor; conversa esta bastante agradável e muitíssimo recomendada.
"Quando ele entrou, eu estava quase cochilando. Acordei na mesma hora. Deixei que desse somente alguns passos. Chamei-o baixinho, com a discrição da vergonha. Acho que mal conseguiu me ouvir. Ele se aproximou. Talvez se lembrasse. Pegou-me com um gesto decidido e fui colocado embaixo do seu braço."
Escrito por Bianca R. Batista